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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Período menstrual é fator de risco feminino para o desenvolvimento do glaucoma

A idade da menarca (primeira menstruação) e o uso prolongado de contraceptivos orais são fatores que podem influenciar no desenvolvimento do glaucoma primário de ângulo aberto. Os dados são de uma pesquisa realizada por Louis R. Pasquale, diretor de Serviço de Glaucoma do Massachusetts Eye and Ear Infirmary, em Boston.

O estudo é fruto de uma pesquisa anterior de Pasquale, onde sua equipe já havia avaliado a relação entre o envelhecimento reprodutivo feminino e o aparecimento do glaucoma primário de ângulo aberto. O pesquisador já havia descoberto que a entrada na menopausa representa um risco maior para o aparecimento deste tipo de glaucoma nas mulheres. No estudo anterior, os pesquisadores também descobriram que o uso de hormônios pós-menopausa foi associado a um risco menor de aparecimento do glaucoma.

Partindo deste estudo, os pesquisadores, liderados por Pasquale, buscaram identificar outras conexões possíveis para o surgimento do glaucoma, a partir dos fatores reprodutivos femininos. E para esmiuçar estas novas conexões foram analisados dados de todos os membros do Nurses' Health Study, entre 1980-2006. Os participantes fazem parte de um grupo de enfermeiros americanos, que forneceram dados sobre sua saúde reprodutiva, a cada 2 anos, a partir de 1980. Além de dados sobre a saúde reprodutiva, os participantes informaram também todas as doenças que eles haviam desenvolvido, incluindo o glaucoma.

A partir desta base, os pesquisadores fizeram análises estatísticas para avaliar a relação entre os atributos femininos de reprodução e o risco de desenvolvimento de glaucoma primário de ângulo aberto.

Após analisar as informações coletadas, os pesquisadores descobriram uma possível conexão entre os fatores reprodutivos femininos e o aparecimento de glaucoma. A equipe de Pasquale descobriu que mulheres cuja menarca havia acontecido antes dos 13 anos tinham um aumento do risco da variação da pressão intra-ocular e de desenvolver glaucoma. Os pesquisadores também descobriram que o uso de contraceptivos orais desempenharam um papel importante no aparecimento da doença. O uso de anticoncepcionais por 5 anos ou mais foi associado a um risco aumentado de desenvolver glaucoma primário de ângulo aberto.

Segundo Pasquale, os níveis de estrogênio desempenham um papel importante, a longo prazo, no desenvolvimento do glaucoma, pois as estruturas oculares, incluindo o nervo óptico, são sensíveis ao refluxo fisiológico e ao fluxo de estrógeno presente no ciclo menstrual. A hipótese dos pesquisadores é que a interrupção do fluxo menstrual e o refluxo de estrogênio alteram um mecanismo fisiológico importante, que coloca as mulheres em risco de serem acometidas pelo glaucoma. A equipe de Pasquale pretende aprofundar esta relação numa próxima pesquisa, que analisará o uso de contraceptivos orais e o aparecimento do glaucoma.

“Os resultados encontrados até agora, segundo os pesquisadores, já devem fazer com que os oftalmologistas levem em conta os fatores reprodutivos, quando estiverem examinando pacientes do sexo feminino. Mulheres, na perimenopausa, mesmo apresentando pressão intra-ocular normal, devem ser examinadas em relação à existência de glaucoma”, defende o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Entenda o papel dos fatores de risco

Idade, pressão intra-ocular (PIO) e certos parâmetros observados no campo visual têm sido considerados tradicionalmente importantes fatores de risco para o glaucoma. Estudos clínicos, como o Ocular Hypertension Treatment Study (OHTS), provaram que o campo visual e o aspecto do nervo óptico são fatores importantes que “definem” a doença, além da pressão intra-ocular.

“No entanto, as pesquisas realizadas ainda não esclareceram o que pode ocorrer com a visão do paciente, se estes fatores de risco não são considerados e tratados. Temos menos conhecimento ainda sobre os fatores de risco que levam à perda visual mesmo com a doença já em tratamento. A razão pode estar no fato de que poucos pacientes nos estudos de glaucoma chegam à cegueira, e isso pode ser atribuído ao curso do tratamento que eles recebem durante o estudo”, afirma o oftalmologista Ricardo Giacometti Machado, especialista em glaucoma do IMO.

Por isto, um dos grandes desafios da prevenção do glaucoma é convencer a população de que é muito importante ir ao oftalmologista, pelo menos uma vez ao ano, para que a pressão ocular seja medida. "Além disso, os que possuem fatores de risco como hipertensão, diabetes e glaucoma na família devem fazer avaliações, de seis em seis meses, para verificação da variação diária de pressão, do campo visual e da gonioscopia", destaca Ricardo Machado.

Para ter um bom prognóstico, o glaucoma depende essencialmente do diagnóstico precoce e da prevenção. A única forma segura de evitar suas conseqüências é fazer consultas periódicas com o oftalmologista: este profissional está preparado para medir a pressão intra-ocular, bem como examinar o nervo óptico por meio do exame de fundo de olho. Havendo suspeita de glaucoma, ele poderá solicitar exames de campo visual para verificar sua possível alteração.

A aquisição do conhecimento sobre a importância da hereditariedade também é muito importante para alertar descendentes sobre o risco de desenvolver o glaucoma primário, doença de caráter hereditário. Por isso, em famílias de portadores de glaucoma há a necessidade que todos façam os exames preventivos anualmente. “Crianças que nascem com os olhos embaçados ou muito grandes, que têm fotofobia intensa, que evitam abrir os olhos no sol ou não gostam de claridade e cujos olhos lacrimejam muito, precisam ser avaliadas por um oftalmologista. Estes sinais podem ser indício de glaucoma congênito. Esta é uma patologia rara, transmitida por herança genética, e está relacionada às alterações no desenvolvimento ocular presentes no nascimento. O diagnóstico e o tratamento do glaucoma congênito precoce podem evitar que as crianças fiquem cegas ainda no primeiro ano de vida”, destaca o especialista em glaucoma do IMO.

Fonte: JorNow

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